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CASTELOBRUXO - DIÁRIO #7


18 / Fevereiro / 2015
(Quarta-feira)

Querido diário,

Por conta do ocorrido ontem, meus colegas de classe ficaram me encarando de forma estranha, como se tivessem medo de mim. Fiquei incomodada com isso, mas é algo aceitável de se acostumar, afinal nem todos ali realmente me conhecem. A Nicole percebendo que estava desconfortável na sala de aula me pediu desculpas, e disse que era bobagem. E realmente é. Não sei bem pelo que ela passa, mas sei que não deve ser nem 1% do que estou passando.

Minha primeira aula foi sobre Encantamentos com o Senhor Yacamin Uirandi, ele é um homem bem bonito com cabelos bem cumpridos e tão brilhantemente lisos de dá inveja. Ele me lembra um pouco o pajé da tribo que mora minha avó, pelo menos nas vestimentas.

Hoje ele nos explicou sobre um feitiço considerado muito avançado e feito apenas por bruxas e bruxos de nível de mágica extremamente avançados. O qual chamou de Patrono, onde se invoca uma força de energia positiva para defesa pessoal, sendo essa força normalmente representada por um animal guardião. E como somos de um nível aprendiz, ele nos ensinou um feitiço ramificado não muito difícil de como acessar esse guardião para pedir orientação ou para quando nos sentirmos sozinhos.

Os guardiões de cada um estavam representados no animal de poder esculpido em nossas varinhas presenteadas no ritual da árvore da vida. E para acessarmos essas orientações vindas deles tínhamos que entrar em um modo de meditação e recitar algumas palavras como se fosse uma oração. Palavras essas que surgiram da minha boca sem que eu tivesse pensado nelas antes ou decorado de algum lugar. Fui agraciada de uma paz exorbitante e realmente ali eu sabia que nunca estaria sozinha.

A segunda aula foi com a Senhora Verena Schultz, uma moça alemã de olhar bem firme e amedrontador. Ela dá aula de Defesa contra a arte das trevas, e hoje fomos todos atrás da torre principal, à frente a quadra de Quadibol para uma aula ao ar livre. O Capelobo apareceu e nos disse que a professora o pediu que servisse de cobaia para aprendermos um novo feitiço, e que estava honrado em ajudar.

O feitiço que aprendemos hoje foi “Expulso”, onde podíamos repelir algo em que a varinha fosse apontada. Nossa lição era bem simples, tínhamos que afastar o Capelobo de nós até ele ultrapassar uma linha de giz feito pela professora. Depois de tudo explicado, ele tomou uma forma bem assustadora! Estávamos todos acostumados a vê-lo todo social e bem-educado, e naquele momento parecia uma besta incontrolável pronta para nos matar!

Mas apesar de todo medo que estava sentindo, consegui me sobressair nessa lição e afastar o Capelobo atrás da linha. Juan também conseguiu quase que no mesmo tempo que eu. A Nicole não se saiu muito bem, ela não conseguia mirar para usar o feitiço com maior maestria.


Após o jantar, o Juan veio nos visitar no dormitório feminino, coisa que é proibida na escola, mas ele sempre conseguia entrar sem ser visto. Mistérios a parte, ele veio nos contar que após nossa aula de defesa com a professora Verena, ele voltou pro campo de treinamento para pegar um botão que soltou do seu uniforme e simplesmente viu a professora e o Capelobo SE PEGANDO! Isso mesmo, rostos colados e troca de salivas! Eu e a Nicole rimos muito do modo que o Juan nos contou detalhadamente, e ficamos conversando algumas besteiras até uma garota do quarto ao lado bater na parede e pedir que falássemos mais baixo que já se passava das 1:20 da madrugada.

Juan foi para o seu dormitório, e logo a gente pegou no sono. Só bastou fechar meus olhos que tive o sonho mais estranho da minha vida. Eu só conseguia ver um homem barbudo e seus olhos eram fundos e borrados, e usava um uniforme daqueles de barão português, escuros como a noite. Então ele ergue um de seus braços e aparece CasteloBruxo totalmente destruída, com gritos ao fundo e uma gigantesca chama vindo da torre principal.

Suando frio eu acordei ao me ver sangrando no sonho, e o mais estranho era que meu corpo estava em transe, só conseguia mexer meus olhos. Tentei desesperadamente acordar a Nicole para me ajudar e foi sufocante não conseguir movimentar a boca.

No outro dia, preferi não contar para ninguém o que tinha acontecido, tanto para não preocupar ninguém ou para não acharem que sou louca. Afinal, tudo não passou de um pesadelo comum.


Mariana Aram.

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