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CASTELOBRUXO - DIÁRIO #6


17 / Fevereiro / 2015
(Terça-feira)

Querido diário,

Minha primeira aula de hoje foi de Herbologia. Quando recebemos a grade curricular do 1° ano pensei que seria uma das matérias mais chatas, mas também qual a graça de estudar sobre plantas? Aprendi que elas são bem importantes nas aulas de poções com a professora-vampira, porém mesmo assim chatas. Já existem tantos tipos no mundo “humano” que nem sei nem 10%, e agora existem mais tantas no mundo mágico.

Era assim que eu pensava, até que fomos apresentados a algumas espécies fascinantes, tinha uma que parecia um bebê que se puxasse da terra, gritava tanto que poderia sangras os ouvidos de qualquer um! Elas são chamadas de mandrágoras, e eu só imaginava poder pegar uma e plantar na casa da minha vizinha lá da favela, ela é um verdadeiro pé no saco e reclama o tempo todo. Mas pensei melhor quando o professor disse que poderia chegar a matar um ser humano, e apesar dela ser desagradável, não mereceria morrer.

As aulas são ministradas em uma estufa enorme do lado da torre principal, onde tem uma pequena escadaria de acesso. Alguns alunos sempre pegam os atalhos, o que no caso me inclui. Apesar de que eles normalmente foram feitos para alunos cadeirantes, ou desabilitados poderem se movimentar pela escola. Não tenho culpa se são divertidos de se usar.

O professor de Herbologia se chama Isidro Helmmen, ele é um senhor bem tranquilo e empolgante, deve ter lá seus quase 50 e poucos anos, aparentemente “normal”. O que gosto nele é o jeito que dá aula, tem tanta paixão nas plantas e tanto cuidado, como se estivesse cuidando de um recém-nascido.
No intervalo, Juan, Nicole e eu fomos para a sala de interação do 1° ano, onde a Nicole nos ofereceu um chocolate chamado “Afego Angelical” – eu sei, é um nome bem idiota. E como ele só vendia no mundo mágico, sabia que precisava muito experimentar! O gosto não era muito diferente de um chocolate ao leite comum, mas quando você morde é tão macio, e quando mastiga parece estar comendo algodão doce. O nome pode ser bobo, mas faz um pouco de sentido.

Nossa segunda aula foi de Magizoologia, diferente da aula de Herbologia, eu já esperava que descobrir sobre animais mágicos seria algo incrível! E realmente é. Nossa professora se chama Urbi Alika, ela se parece muito com aquela atriz famosa Lupita Nyong'o. Ela veio da África dar aula em CasteloBruxo. Foi formada na escola de lá que se chama Uagadou, e veio para o Brasil se especializar nas criaturas mágicas da Amazônia. O mais curioso sobre ela, é que não usa nenhuma varinha para fazer qualquer feitiço, e uma vez o Juan a perguntou como isso era possível e então explicou que na escola que ela se formou, lá o uso de varinha é totalmente opcional, e que quase ninguém usa.

Enfim, hoje finalmente conheci as famosas Ruínas de Paricatuba. Onde pessoalmente é tão mais fascinante do que por fotos. A professora explicou que não ficaríamos lá por muito tempo por contas das pessoas não-mágicas nos verem de uniforme da escola e pensar que somos de alguma seita maligna ou algo do tipo. Já que ali era um local turístico bem conhecido.

Começaram então a aparecer umas criaturas pequenas bem peludas e sapecas, que fizeram a maior bagunça! Ficaram puxando nossas roupas, pegando a varinha de alguns e puxando o cabelo de algumas meninas. A professora então explicou que eram Caiporas, e que protegiam os arredores da escola a noite. Me senti um pouco enganada, cresci vendo a caipora sendo representada por uma índia pintada de vermelho e poderes mágicos, como no Castelo-Rá-Tim-Bum. Não um cachorro peludo fora de controle.

O fim da picada, foi quando uma caipora puxou os cabelos azuis da Nicole. Ela já havia me dito que era apaixonada por perucas coloridas, e importava muitas de personagens de anime, já que é fascinada por esse universo de cosplayer. Então ela mantinha seu cabelo bem baixo para não dar muito volume. A peruca azul dela então foi destruída por vários caiporas, e seus olhos encheram de lagrimas ao ver que todo mundo estava a encarando chocados, e antes mesmo da professora fazer alguma coisa, tomei a peruca das caiporas e as encarei fixamente com a testa franzida, como quando eu fazia quando os gêmeos que cuidava aprontavam. E então as caiporas foram distanciando, e para demonstrar um pouco de poder eu berrei:

- FORA DAQUI! – E todas as caiporas saíram correndo, e a atenção dos alunos se voltaram para mim. Entreguei a peruca, e a professora nos levou de volta para a escola. No caminho, a Nicole me perguntou o porquê de ter feito aquilo, e expliquei que era porque somos amigas, e amigas protegem uma a outra. Ela deu um sorriso bem tímido, dava para perceber que ela não possuía muitos amigos, ou entendia o que era realmente ter um.

Para quebrar o clima, eu disse que ela estava parecendo uma baranga com a peruca toda destruída pelas caiporas que insistiu ainda em usar.

Mariana Aram.

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